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Foto do escritorLuísa Colombi

Orgânicos: o que você precisa saber




Já nem dá mais para dizer que comer orgânico é uma tendência.


É um fato constatado.


São inúmeros os estudos, publicações e matérias explicando e debatendo a necessidade de se repensar a forma que a agricultura e a indústria alimentícia está sendo realizada e a importância de se estabelecer uma alimentação mais íntegra e limpa, sendo que ambos tem uma relação direta com o agente principal dessa cadeia, nós consumidores.


Fiz esse post para esclarecer o meu ponto de vista sobre o assunto e ajudar aqueles que estão interessados em ingerir mais produtos orgânicos, mas não sabem por onde começar.


O QUE SÃO?

De acordo com o site oficial do Ministério da Agricultura, produto orgânico é aquele que advém de “um sistema orgânico de produção agropecuária ou oriundo de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local”.


Pois bem. As palavrinhas sistema orgânico e extrativista sustentável englobam diversas diretrizes. Na Instrução Normativa n. 46, do Ministério da Agricultura estão elencados – detalhadamente – cada um desses pontos.


Citando, como exemplo, a produção de origem vegetal:



Art. 94. Os sistemas orgânicos de produção vegetal devem priorizar:

I - a utilização de material de propagação originário de espécies vegetais adaptadas às condições edafoclimáticas locais e tolerantes a pragas e doenças;

II - a reciclagem de matéria orgânica como base para a manutenção da fertilidade do solo e a nutrição das plantas;

III - a manutenção da atividade biológica do solo, o equilíbrio de nutrientes e a qualidade da água;

IV - a adoção de manejo de pragas e doenças que:

a) respeite o desenvolvimento natural das plantas;

b) respeite a sustentabilidade ambiental;

c) respeite a saúde humana e animal, inclusive em sua fase de armazenamento; e

d) privilegie métodos culturais, físicos e biológicos;

V - a utilização de insumos que, em seu processo de obtenção, utilização e armazenamento, não comprometam a estabilidade do habitat natural e do agroecossistema, não representando ameaça ao meio ambiente e à saúde humana e animal.



Ainda tem outras normas referentes ao uso de fertilizantes, corretivos e inoculantes – que só podem ser utilizados os autorizados no anexo da Instrução e tem que estar previsto no Plano de Manejo Orgânico – e a necessidade de diversidade de culturas na produção, o que é primordial para manter um ecossistema equilibrado – e é inclusive uma das diretrizes acima elencadas.


Além disso, achei muito relevante destacar que em produtos orgânicos é proibido o uso de reguladores sintéticos de crescimento na produção vegetal, é vedado o uso de agrotóxicos sintéticos, irradiações ionizantes para combate ou prevenção de pragas e doenças, assim como a utilização de organismos geneticamente modificados.


A produção animal, inclusive das colmeias, também elenca diversos regramentos, especificando como deve ser a origem, o ambiente de criação, o manejo, a nutrição, e a promoção da saúde e bem-estar animal.


Portanto, a produção orgânica é o resultado de um alimento que busca preservar o meio ambiente, conservar recursos naturais, regenerar áreas degradadas, valorizar os aspectos sazonais e culturais de cada época e região, e privilegiar a qualidade da vida animal. E também relevar o aspecto social, por meio de relações de trabalho com direitos assegurados, qualidade de vida dos agentes e capacitação continuada.



CREDIBILIDADE

EXIJA O SELO

Para ter certeza de que o produto é orgânico, deve-se exigir o selo representado abaixo:





Para tanto, o produtor deve estar incluído no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. A fiscalização pode ocorrer de três formas diferentes (retirado do site do Ministério da Agricultura):


"Certificação por Auditoria – A concessão do selo SisOrg é feita por uma certificadora pública ou privada credenciada no Ministério da Agricultura. O organismo de avaliação da conformidade obedece a procedimentos e critérios reconhecidos internacionalmente, além dos requisitos técnicos estabelecidos pela legislação brasileira.


Sistema Participativo de Garantia – Caracteriza-se pela responsabilidade coletiva dos membros do sistema, que podem ser produtores, consumidores, técnicos e demais interessados. Para estar legal, um SPG tem que possuir um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (Opac) legalmente constituído, que responderá pela emissão do SisOrg. É a forma mais comum de obter o certificado.


Controle Social na Venda Direta – A legislação brasileira abriu uma exceção na obrigatoriedade de certificação dos produtos orgânicos para a agricultura familiar. Exige-se, porém, o credenciamento numa organização de controle social cadastrado em órgão fiscalizador oficial. Com isso, os agricultores familiares passam a fazer parte do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos".


Neste último caso, o produtor não apresenta certificado com o selo e só ele próprio ou algum membro da família pode vender o produto em feiras ou direto ao consumidor, ou seja, não pode revender a terceiros, como supermercados, lojas, restaurantes, etc. Para demonstrar que o produto é realmente orgânico, o produtor sem certificado tem que apresentar um documento chamado de Declaração de Cadastro, que comprova que ele está cadastrado no MAPA e que faz parte de um grupo que se responsabiliza por ele.


Então, nos consumidores, temos o direito e devemos exigir esse documento, quando formos adquirir produtos orgânicos em feiras, para evitar fraudes por parte dos comerciantes e garantia de que está pagando por um produto que realmente está levando.



PORQUE CONSUMIR?

1. Comer orgânico ajuda a reduzir a carga de toxinas no seu corpo.

Plantas e animais denominados “orgânicos” não foram tratados com:


  • pesticidas

  • herbicidas

  • fertilizantes de ingredientes sintéticos ou lodo de esgoto

  • radiação ionizante

  • hormônios de crescimento

  • antibióticos


Os pesticidas e herbicidas são, por natureza, tóxicos, e ao ingerirmos esses alimentos estamos constantemente nos expondo a esses venenos. Produtos de origem animal não são diferentes. A maioria dos animais criados convencionalmente é alimentada com uma combinação de soja e milho, 90% dos quais é OGM.


Felizmente, comer alimentos orgânicos pode reduzir o acúmulo de pesticidas, conforme demonstra Estudo feito em 2005 que apontou que, em apenas 15 dias, as crianças que adotaram uma dieta primariamente orgânica experimentaram uma grande diminuição nas concentrações de pesticidas, quando feito exame de urina.


2. Os alimentos orgânicos são, por definição, não-OGM.

OGMs são plantas e animais que foram criados pela combinação de DNA de diferentes espécies de uma forma que não poderia ocorrer na natureza ou por cruzamentos tradicionais, ou seja, que são geneticamente modificados. Eles compreendem uma grande porcentagem de culturas comerciais de soja, milho, beterraba, entre outros alimentos.

A engenharia genética altera as culturas para torná-las mais resistentes. Porém, alguns estudos já apontam evidências de que os transgênicos são perigosos e podem causar efeitos adversos à saúde humana.


3. A agricultura orgânica é boa para a terra.

Os agricultores contam com a rotação de culturas, plantação conjunta e esterco animal no lugar de fertilizantes sintéticos, herbicidas e pesticidas para controlar as pragas e manter a qualidade e integridade do solo. Você pode ajudar a diminuir os danos apoiando os agricultores que mantêm suas plantações e animais de maneira responsável.


4. As culturas orgânicas são mais nutritivas.

Muitos questionam o benefício nutricional das culturas orgânicas sobre as culturas cultivadas convencionalmente. Um estudo recente forneceu evidências de que os alimentos orgânicos são mais ricos em nutrientes e antioxidantes e menores em metais pesados, especialmente cádmio e pesticidas.


Outros estudos sugerem que a boa nutrição do solo aumenta a produção de compostos de combate ao câncer, chamados flavonóides, e que práticas agrícolas convencionais, como o uso de pesticidas e herbicidas, prejudicam sua produção.

Em geral, as culturas tratadas com qualquer quantidade ou forma de produtos químicos têm um impacto negativo em seu corpo. As culturas orgânicas são mais nutritivas e não esgotam a sua saúde colocando toxinas indesejadas e desnecessárias no seu corpo.





SAIBA ESCOLHER

Pode parecer um pouco assustador no começo comer 100% orgânico, seja porque não há disponibilidade de produtos orgânicos suficiente na sua cidade ou por estar fora do seu orçamento.

O importante, nesse sentido, é começar com um alimento de cada vez e fazer a troca completa quando puder. Outra estratégia é ingerir os alimentos que, mesmo não sendo orgânicos, tem menor concentração de pesticidas, como:


  • Abacate

  • Ervilhas doces (congeladas)

  • Cebola

  • Aspargos

  • Manga

  • Kiwi

  • Berinjela

  • Couve-flor

  • Batata doce


Já esses são considerados os que contêm a maior concentração de pesticidas. Tente evitá-los, caso não forem orgânicos, sempre que possível:


  • Maçãs

  • Morangos

  • Uvas

  • Cenoura

  • Beterraba

  • Aipo

  • Pêssego

  • Pimentão

  • Pepino

  • Tomate

  • Pimenta

  • Mamão

  • Folhas verdes


E esses são os principais alimentos transgênicos, então fique atento ao consumo exagerado:

  • Soja

  • Milho (incluindo xarope de milho com alto teor de frutose, óleo de milho, xarope de milho)

  • Beterraba

  • Canola (como no óleo de canola)

  • Algodão (incluindo óleo de algodão)

  • Alfafa

  • Abobrinha

  • Mamão

  • Trigo

Espero que o post tenha ajudado a esclarecer algumas dúvidas.

Se tiverem outras, não deixe de comentar, para posterior complementação!

Com amor,

Luísa

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